Junho de 2020.

foto resenha*Da Coordenação Executiva

Em meio a pandemia de COVID-19 e os inúmeros casos de racismo e violência que ocorreram no mundo, com manifestações e protestos de todas as ordens, nós reunimos aqui para dialogar com vocês, alguns fatos da vida cotidiana que agora, parecem ganhar a mídia, mas, vale lembrar, não se trata de um evento, mas sim da vida como ela é.

Se para alguns é natural que morram os pretos favelados, os novos tempos nos levam a questionar até quando, essas mortes serão provocadas pelo Estado. É no seio da sociedade, porém, que repousa o espírito racista característico da comunidade brasileira, mas não apenas. Esse “racismo á brasileira” que mora no jogo de braços entre o Estado e a sociedade, também habita os atos individuais e particulares que, dão vida a determinados sujeitos; vide caso MEC 2020: o ministro da educação, na hora de ir embora (devido às péssimas condições para sustentar-se no cargo, embora protegido por seu chefe), dá uma última canetada e com ela registra mais um capítulo da história em que entre brancos e negros, o que há é ódio racial, strictu sensu e isso materializa-se nas instituições, uma vez que essas pessoas alocadas em lugares estratégicos, são parte desse projeto ideológico, genocida, que direciona-se a manutenção do status-quo dos brancos em detrimento de indivíduos negros. Depois do ato racista, do Ministério, o jornalista Luiz Alexandre de Souza Ventura nos conta na edição de 23 de junho, do Estadão, que “MEC derruba portaria de Weintraub contra cotas” o que pode se visto aqui: https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/mec-derruba-portaria-de-weintraub-contra-cotas/

Ao nomear enfim, um ministro negro, o primeiro da história, o que não havia acontecido nos governos de esquerda, a União se viu em um caso bem pitoresco: o nomeado tinha agido contra lei, uma vez que seu curriculum lattes era mentiroso, como o de outras autoridades, leia-se brancas, que ainda assim, diferente dele, permaneceram no posto, enquanto o ministro negro não teve outra escolha, a não ser deixar o cargo que nem chegou a assumir oficialmente.

Como trata-se de uma lógica poderosa e um exemplo de sucesso, o racismo pode ser visualizado facilmente em diferentes esferas, instituições e organizações da vida como ela é. Então listamos alguns casos recentes, para que vocês possam acompanhar o nosso raciocínio:

  1. O médico preto que é gay e encontra dificuldades nas relações interpessoais em meio ao exercício de sua profissão. Veja aqui.
  2. Em clube, voluntariamente o racista protege seu par, porque essa não é uma ação isolada que demanda apoio por parte do outro, mas sim, uma consciência de que nós temos que atuar contra eles, o que pode ser visto na reunião realizada na Organização das Nações Unidas sobre o caso Floyd. Veja aqui.
  3. Tais posturas marcam as relações étnico-raciais no mundo, porque como já vimos, está na alma da sociedade, independente da região ou da localidade das pessoas. Logo, a posição do governo brasileiro “abre onda de protestos na ONU” Veja mais  no site do Uol

Como o racismo atua nas instituições de uma forma geral, em junho, um Pastor e sua eterna namorada vieram a público, para evidenciar que as diferenças existentes entre nós, estão na pauta do dia e configuram um desafio também na relação entre as religiões e seus fiéis.

  1. O caso vai piorando em escala, do fato inicial ao pedido de desculpas via vídeo, porque Rodrigo dos Santos, o Pastor, indica ter agido “sem maldade” tal como no “eu não sabia” que mora no inconsciente popular de nós, os mortais. Confira que “Após chamar negros de “sujos”, pastor pede perdão: “Atitude infantil”:https://www.metropoles.com/brasil/apos-chamar-negros-de-sujos-pastor-pede-perdao-atitude-infantil

Nesses cenários de tantos horrores, surge Sérgio Camargo e vários desses indivíduos comprados na busca pelo poder, que vai derrubando a cada um de nós, estabelecendo articulações do campo das relações sociais, cuja missão é destruir a unidade e as questões referentes ao desenvolvimento da comunidade negra.

  1. Nesse sentido, há muito que discutir, mas ao olharmos para nossa própria realidade, no nosso quintal, ainda temos um desafio gritante: o fato de que, em seu twitter, o nobre vereador Fernando Holiday serve-se do mesmo pensamento que Camargo e seus pares.

Com essas e inúmeras outras cenas do sexto mês de um ano em que o mundo parou diante das desigualdades, mas não passou do debate, resta-nos pensar o como é importante avançarmos na multiplicação do conhecimento e na ampliação do acesso á informação, como defende o Professor Silvio Almeida durante sua apresentação ao Programa “Roda Viva”, da TV Cultura, dia 22 de junho, que pode ser acessada via YouTube, no link https://www.youtube.com/watch?v=L15AkiNm0Iw

Essas são questões centrais para pensarmos sobre promoção e atenção à saúde. Nesse universo, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (Portaria Nº 992, DE 13 de maio de 2009, assinada pelo então Ministro da Saúde, Dr. José Gomes Temporão, que pode ser acessada “aqui”), deve seguir pelo campo da integralidade, somada á promoção da equidade e a universalidade do acesso. Não pode ser apenas um jargão, deve ser uma ação de fato, tal como prevista na portaria que cria a Política Nacional e a lei Nº 12.288, de 20 de julho de 2010 que institui o Estatuto da Igualdade Racial. Mas, não é à toa, que a Política Nacional de Atenção à Saúde da População Negra inexiste no país que criou tal mecanismo, reunindo esforços da sociedade civil, pesquisadores, profissionais de saúde, organizações governamentais e agências bilaterais.

Dessa forma, é importante destacar a ideia de que é possível explicar a igualdade de oportunidades usando uma macieira, quatro quadrinhos e um meme, como na matéria do El País, publicada em 16 de Junho. Confira “aqui”.

“Entre outras mil, és tu Brasil…!”

Autor: Aliança Pró-Saúde da População Negra

A Aliança Pró-Saúde da População Negra desde 2018 vem se organizando para o enfrentamento do racismo, mobilizando lideranças de diferentes coletivos negros e organizações, estudantes, pesquisadores, profissionais de saúde e afins, atenta à necessidade de políticas efetivas em atenção à saúde da população negra, no país, no Estado e no município de São Paulo.

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