Iyalorixá Luciana Bispo de Oiyá*
“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias.” (Provérbio africano)
Para os iorubás celebrar é algo não apenas sagrado, mas também cotidiano. Celebra-se a vida, a longevidade, a morte, os saberes deixados por quem se foi, a chegada de alguém que colabora, compartilha, enfim, celebra-se toda e qualquer conquista. É nesse sentido que o aniversário de 02 anos da Aliança Pró-Saúde da População Negra, criada em março de 2018, para articular diferentes grupos da sociedade civil, como as comunidades de terreiros, universitários, pesquisadores e lideranças de movimentos sociais, em favor da promoção e da garantia da saúde da população negra em São Paulo, merece ser celebrado como mais uma conquista. Como afirma um provérbio africano, “Para quem não sabe, um jardim é uma floresta”.
A Aliança foi organizada por meio de um processo que reúne aspectos importantes a serem considerados, dentre eles, os grandes desafios da sociedade civil para o enfrentamento ao racismo institucional. Sabidamente, o fortalecimento das organizações da sociedade civil para a mobilização, participação popular, advocacy e controle social das políticas públicas, sobretudo no que diz respeito ao combate ao racismo, não é uma prioridade da agenda governamental, mas é uma necessidade central para o desenvolvimento, a cidadania e a promoção dos direitos humanos. Por isso, é preciso que os movimentos sociais se reinventem para lidar com a conjuntura atual, pós-eleições de 2018, reunindo perda de direitos e prejuízos ao desenvolvimento comunitário e individual. A Aliança faz parte dessa reinvenção.
São dois anos de atuação da Aliança no enfrentamento ao racismo e seus impactos na saúde pública. Parece pouco, né? Mas não é, pois trata-se de uma intervenção indiscutivelmente necessária, considerando todo o distanciamento da população negra do sistema de saúde pública, causado pelo racismo estrutural e institucional, o que a torna uma população vulnerável também nessa área. Assim, a criação da Aliança, compõe mais uma das muitas lutas contra algo tão danoso como o racismo. Em tempos de uma pandemia tão grave como a Covid-19, por exemplo, é fundamental a existência de uma iniciativa preocupada com a saúde da população negra, historicamente negligenciada e cuja boa parte vive ainda em precárias condições de saneamento, trabalho, educação.
Por isso, completar dois anos avançando e fortalecendo os diferentes movimentos sociais, organizações, pessoas físicas, que chegam até a Aliança simplesmente pela possibilidade de conquistar mudanças positivas quanto à saúde da população negra é, sem dúvida alguma, um fato vitorioso e histórico, que deve ser – e está sendo – celebrado por quem chegou para contribuir e robustecer a iniciativa e também por quem não está mais, mas deixou sua colaboração e participação.
Não sucumbimos diante de cenário desfavorável de hoje, de ontem e nem séculos atrás, pois herdamos essa qualidade da nossa ancestralidade, das nossas mais velhas, de quem a gente aprende a permanecer na luta e a celebrar cada conquista. Muito cedo aprendemos que os avanços disputam diuturnamente com a possibilidade de retrocessos; contudo, cientes dessa realidade, nos amparamos na trajetória crescente e robusta da Aliança Pró-Saúde da População Negra, daí sua importância na busca da implementação de uma política de saúde para população negra, sobretudo nos tempos atuais.
Como diz um provérbio africano, “o vento não quebra uma árvore que se dobra”.
*Iyalorixá do Ile Obá Asé Ogodo.
Escrever requer conteúdo… e conteúdo só se ganha efeito quando os fatos que se apresentam são fundamentados em ações e realidade.
Efeito, fatos e ações acontecem em lugares poucos importantes, por “gente” simples, mas que sabe o que faz, porque faz com respeito e amor.
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A benção!
Essa é minha Yalorisá ❤️
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Bençãos nas forças nas Energias em Oxalá!
Venho Parabenizar no dia de Hoje a ALIANÇA – Aliança Pró-Saúde da População Negra de São Paulo.Forum que esta comemorando dois anos de ativismo a favor da vida e saúde de nossa população negra.
Eu Iyá Cristina d’Osun lider religiosa do Ilê Asé Iyalode Oyo, e Coordenação RENAFRO SP, venho dizer da importância deste movimento para garantia de cuidado e auxilio para o acolhimento e entendimento da saúde da população negra.
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